segunda-feira, 5 de outubro de 2009

No caminho de volta pra casa, passei por algumas pontes e notei que havia pessoas vivendo embaixo delas, nas piores condições possíveis. Aquelas pessoas que nós gostamos de fingir que não existem, pois de alguma forma nos fazem sentir mal.
Ver essa gente me fez lembrar de quando me dizem que eu tenho a obrigação de ser feliz, já que há seres humanos como esses que moram debaixo da ponte, que não possuem nem o mínimo que eu, no meu egocentrismo malcriado, me recuso a dar valor.
Se possível fosse, eu anunciaria que a vaga aqui está aberta, que a minha vida está disponível pra quem quiser vivê-la. De bom grado ofertaria tudo o que tenho e o que sou, já que não fui bom o suficiente pra aproveitar tal dádiva. Se sou esse criminoso, então chegou a hora de ser julgado e condenado. Eu confesso!

domingo, 27 de setembro de 2009

"Nós estamos com você!"

De vez em quando eu escuto essa frase. "Nós estamos com você". É uma frase que deveria ser mais pensada antes de ser dita, porque algumas pessoas ou momentos podem acabar realmente pedindo por esse certo compromisso que tais palavras parecem demonstrar.
Antes de dormir, quando fazemos planos para o dia seguinte, é que vemos se iremos ou não incluir as pessoas no nosso projeto. E aí o dia passa, e lá vamos nós encontrar nossos objetivos.
Sendo assim, nossos objetivos podem envolver pessoas. Ou não. Acho que não dá pra improvisar, nós já sabemos o que vamos fazer. Talvez fosse mais honesto dizer a alguém quando se está realmente pensando nela e quando não se está. Evitaria muita confusão e muita falsa sensação de pertencimento a algo. Daí a solidão seria mais confortável, porque estaria livre de ilusões.
O triste é se esconder do desamparo atrás de mentiras travestidas de boas intenções. É ter fé num abraço, num olhar ou em palavras bonitas, mas perceber-se completamente só, e ver que na verdade não existe ninguém ali. Todos sabem pra onde vão, mas acho que lhes falta coragem pra admitirem seus desejos. Todos sabem pra onde vão, mas eu não.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Ela é uma amiga de longa data, e não me lembro de haver estado em algum lugar sem sua companhia.
Quando criança, estávamos sempre juntos, brincando e aprendendo sobre o mundo. Até quando eu ficava doente, era como se ela também enfraquecesse um pouco. Mas logo voltávamos a ser donos de tudo.
Creio que nossa primeira briga foi na adolescência. Eu queria mais, precisava de mais, me sentia sozinho, e ela me dizia pra esperar, que o momento chegaria. Eu não entendia, queria que tudo acontecesse logo. Queria me sentir bem, como as outras pessoas. Todo mundo parecia feliz e realizado. E eu precisava muito sentir aquilo. Creio que ela não me entendeu, e aos poucos foi me deixando seguir.
Hoje eu sou o tal adulto, e o passar dos anos só me faz pensar na falta que ela me faz. Eu posso ir onde quero, estar com quem eu quero, e ouvi dizer que posso até fazer o que quero, mas nada tem graça sem ela por perto. Não consigo lembrar quando fui feliz pela última vez, mas sei que ela estava comigo. Pelo jeito, acho que ela foi embora mesmo.
Será que nós vamos nos encontrar de novo? Será que ela vai me perdoar? Hoje eu sei que sem ela eu não sou nada, que eu deveria ter prestado mais atenção ao que ela tentava me dizer. E agora só me resta a saudade.
Eu sinto tanta falta da minha vida, vocês nem imaginam...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Domingo é um dia que me dá medo. Eu não sei dizer desde quando, porque sempre foi assim. Da infância, lembro da liberdade e da brincadeira do final de semana que de repente acabava, e minha mãe que me colocava pra dormir mais cedo por causa da escola no dia seguinte. E eu deitava sem sono, e a escuridão revelava um mundo de vultos e sons assustadores que me assombrava até que surgisse um cansaço heróico que me levasse dali.
Hoje, este primeiro dia da semana ainda me causa arrepios. Mas são as formas e sons que eu encontrarei no mundo lá fora que me fazem tremer. E na escuridão da noite encontro conforto e segurança para as aventuras que vivo nos sonhos.